11 de abr. de 2008

O jogo 100 - A Crítica

Não é fácil ir a cem jogos do São Paulo.
Aliás, não é fácil ir a UM jogo do São Paulo.
Pergunte a um torcedor do Barcelona se ele sabe o que é uma fila de bilheteria.
Ou a um torcedor do Arsenal se sabe o que é um flanelinha.
Ou até a um torcedor do Bayern se conhece um cambista. (ainda que esta categoria exista no Velho Continente)
Atingir a média européia de 20 partidas por ano deve ser tão difícil quanto atingir a média de gols do Luís Fabiano pelo São Paulo.
E é do Morumbi que estamos falando!

Há anos que quero escrever sobre todos os problemas que já enfrentei no Estádio para torcer pelo meu time, mas a vontade sempre esbarrou no fato de saber que jamais seria ouvido. Ou lido.
Amadora que é, a diretoria do meu São Paulo Futebol Clube prefere lavar as mãos e passar este serviço, com um enorme potencial de rentabilidade, para as mãos de uma empresa igualmente amadora chamada Ingresso Fácil.

Sem querer entrar em detalhes, adianto que me tornei Sócio-Torcedor ao final de 2006, quando me dei conta de que não queria mais passar pelo sufoco que passei no dia de venda de ingressos para a final da Libertadores, contra o Inter.
Este serviço era oferecido pelo próprio SPFC, mas, para minha tristeza, também foi repassado à Ingresso Fácil.
E minha vida não melhorou!
Pago os trezentos reais de anuidade e continuo a pegar filas. Mesmo quando vou comprar antecipadamente, como o recomendado!
E são tantas as conversas que tenho nas filas...
Nessas situações, tenho o costume de dizer que o problema maior não é pegar filas. O problema maior é ter a certeza de que se eu estivesse no comando deste serviço, faria melhor!
E por quê faria melhor?
Porque eu conheço os clientes! Sei de suas reivindicações, reclamações e necessidades!

Aí é que está o problema, caro leitor! Por duas razões, o São Paulo Futebol Clube não conhece seus clientes.
A primeira delas, porque os homens que comandam o Clube, o Estádio e as bilheterias não são torcedores. Eles jamais passaram por esses problemas!
Nunca tiveram que enfrentar filas kilométricas para comprar ingressos. Eles os têm, provavelmente, nas salas de escritório deles, dentro de um envelope com o nome deles!
Nunca tiveram que estacionar o carro nas ruas do bairro e deixar 'dez real' na mão de um flanelinha. Eles estacionam seus veículos dentro do Estádio!
Nunca tiveram que passar pelo tumulto das entradas e saídas das arquibancadas, provavelmente o pior projeto arquitetônico do século XX. Eles acompanham os jogos nos charmosos camarotes!

A segunda razão é ainda mais grave!
O amador São Paulo Futebol Clube, diferente de qualquer empresa com estrutura profissional, jamais realizou uma pesquisa para conhecer seus clientes!
Nem mesmo uma pesquisa com os Sócio-Torcedores, como eu!
Isso é grave mesmo!
Pergunte à diretoria de marketing da Coca-Cola, da Unilever, da Gol, se eles não questionam seus clientes acerca dos serviços prestados!
E eu adoraria ser perguntado sobre os problemas do Morumbi! Adoraria dar sugestões e sei que há inúmeros torcedores com boas idéias, que ajudariam o clube e trariam mais público ao Estádio.

E veja bem, caro leitor, que não quero cair na vala comum da crítica sem base ou do elogio cego.
Posso imaginar os milhares de problemas, enfrentados pelas diretorias de todos os clubes, que envolvem um evento como uma partida de futebol. O trato com o Ministério Público, a PM, o CET, as torcidas organizadas, etc.

Portanto, este meu desabafo tem como alvo o meu clube e está contextualizado num período de cinco anos (2003 a 2008).
Por coincidência, estes cem jogos que acompanhei no Morumbi estão concentrados no período de auge da atual gestão. Uma gestão que faz questão de ressaltar suas virtudes profissionais. E com razão! O time do SPFC conquistou tudo!
No entanto, é preciso um pouco de realismo para esta diretoria. Porque, nestes cinco anos, pouco mudou para a vida do torcedor tricolor!
O que me leva a indagar: Como levar adiante o projeto do Diretor de Marketing Júlio Casares, de ter a maior torcida do Brasil em dez anos se nos últimos cinco ela vem sendo mal-tratada em sua própria casa?

Aguardo uma resposta do meu São Paulo! Não por escrito, nem verbalmente, mas com ações! Todos nós sabemos quais são os problemas dos Estádios brasileiros. Não se faz necessário enumerá-los. Mas acredito que, depois de cem partidas passando por aperto, eu deveria, ao menos, chamar a atenção para os problemas.

Mas o São Paulo Futebol Clube prefere se apequenar na demagogia de transformar o Morumbi em sede para a Copa de 2014.
Assim, perde não apenas o torcedor que tem curiosidade de conhecer o Estádio e levar seu filho à um jogo de pequeno porte, mas também o fanático que, cansado, tem dúvidas se chegará ao jogo de número duzentos!

10 de abr. de 2008

O jogo 100

Neste próximo Domingo, dia 13, irei ao Morumbi para acompanhar o primeiro jogo das semi-finais do Paulistão, contra o Palmeiras.
Será meu centésimo jogo de 2003 até hoje.
Por que esta marca?
Simples. Foi a partir deste ano que as catracas do Morumbi passaram a devolver os ingressos!
Antes disso, fui a muitos outros jogos, mas nunca pude acumular os comprovantes.
Não sei a quantos jogos fui, exatamente, em toda minha vida. Esse é um trabalho que farei futuramente.
O que essa marca tem de interessante, além de conter três dígitos?
Foi a partir de 2003 que comecei a ir ao Morumbi com uma frequência maior e por conta própria. Essa independência só me fez mais apaixonado pelo São Paulo e pelo futebol!
Sendo assim, decidi escrever uma série de três textos sobre essa marca.
Cada um dos textos terá um enfoque diferente, para que fique mais fácil de escrever e para que as informações não se percam!
O jogo 100: O romance, a crônica e a crítica.
Não necessariamente nessa ordem

3 de abr. de 2008

O dia inteiro pensando naquilo...

Acorda cansado.
Bastante cansado! Mas acorda.
Rotinizado, entra no banho, acorda de fato, sai do banho e se viste.
A cabeça já está funcionando. E pensando naquilo!
Passa o olho no jornal, toma o leite e sai de casa.

"Don't stop", assobia no caminho até a faculdade.
Parece até reflexo! Como o próprio ato de dirigir um carro, dá os mesmos passos, refaz o mesmo caminho, fala os mesmos comentários...sempre pensando naquilo! Tradição!
Aula que transcorre. Informação que entra por um ouvido e sai por outro.
Rabisca num pedaço de papel.
"Vai, Sã...", murmura para si próprio.
Passa no xerox, tira o mesmo sarro de todos os anos como universitário e sai sorrindo. Pensando naquilo!
Refaz os passos de novo. Ao contrário.
Ouve, como sempre, o comentário do outro.
Sente pena.
Seria medo?
"Não", responde para si próprio!
Entra no carro. "Quantos kilômetros rodados, hein!?", conversa!
No caminho, canta e bate na direção no ritmo do pensamento. Fixação, loucura...
Fala sozinho.

Tarde que passa. Distraída.
Distraído.
Se tem rotina boa, é esta. Pensou naquilo de novo!
Como um louco, agita-se. Não consegue ficar parado.
Nem ele, nem o cérebro, que só pensa naquilo!

Hora que se aproxima!
"Don't stop", agora ouve!
Separa o que há para separar.
Só o necessário. O número do ano e o "esquenta-pescoço"
O resto é com eles!
Agora, é impossível pensar em outra coisa.

Olha no relógio, come o jantar de sempre, atende telefonemas:
"Azul?"
"Não...vermelha."
Hora de partir. De rodar e continuar a conversa.
Superstição.
E funciona?
Funciona!

Pensa em quanto tempo continuará a fazer aquilo, a pensar naquilo!
"Pra sempre", anuncia orgulhoso!
Se tem companhia boa, é esta. Sente!
O destino? O mesmo!
Vaga vaga. Carro estacionado.
Dez que passa de um bolso para outro.
"Boa sorte", escuta.
Dá os mesmos passos. Nostálgico.
Recorda os recordes, os feitos!
Fogos que espoucam!
Sente-se em casa. O dono do pedaço!
"Como é bom pensar nisso", pensa naquilo.

Sobe a rampa. Chão verde, céu escuro e horizonte barulhento.
Sorri novamente! Parece a primeira vez!
Escolhe assento, mas não senta.
Fala, escuta, grita, canta...Só pensa naquilo!
Fanático, se emociona!
Olha pros lados e agradece!

Fica atento.
Compenetrado.
Cruza os braços.
Xinga.
Xinga de novo e ri.
Xinga outra vez e pensa: "Se tem tradição ruim, é esta"
Desespera-se. Pensando naquilo, pensa no pior...
"Agora vai"
Não...de novo não!
Acalma-se.
Enerva-se.
Pensa naquilo e pensa que já não aguenta mais pensar naquilo.
Só pensamento...

gooooooooooooooooool
Não pensa em mais nada!
Alivia-se!
Comemora.
E sai.
Finalmente, começa a pensar em outras coisas. Importantes também.
Mas, mais do que sempre, pensa naquilo!

Já em casa, vê e revê!
Sorri!

E vai dormir leve.
Pensando naquilo!