26 de mai. de 2008

Carta ao "Último Minuto"

Desprezível Sr. "Último Minuto",

Por quê o senhor insiste em aparecer em minha vida?

É por crueldade, pura coincidência ou vontade de aparecer?

Foi a terceira vez, em menos de dez anos, que o senhor me fez passar noites sem dormir!

Não bastassem Cruzeiro e Once Caldas, o senhor se juntou ao Fluminense para colocar lágrimas em meu rosto.

É um tremendo rasgo no peito! Cicatriz em cima de cicatriz!

Me pergunto se foi por compensação às alegrias do passado...

Porque se for assim sempre, eu abro mão dos títulos e prefiro viver sem essa dor!

Que mania de perseguição mais besta!

Tudo bem, eu sei do seu valor. Sei que não é sempre comigo.

Reconheço que, muitas vezes, é o senhor que dá graça ao futebol.

Sem suas aparições, o que seria da Batalha dos Aflitos? Que fim levaria o chute do Ricardinho naquele Corinthians e Santos? Do palmeirense Oséas na Copa do Brasil? Ou até mesmo a famosa canhota do Careca, contra o Guarani?

Parece até brincadeira, porque o senhor sabe que o fanático jamais vai se desiludir por suas aparições passageiras!

Acontece que o senhor poderia variar suas vítimas de vez em quando, não? Um rival daqui de São Paulo? Por quê não os dois?!

Ou, quem sabe, se tornar um aliado num futuro próximo!

Sim, isso seria interessante! E eu prometeria jamais falar mal de você, se me permite chamá-lo dessa forma!

Ficamos assim então? Eu continuo fanático pelo meu time e você dá uma forcinha depois!

Aguardo uma resposta. E das arquibancadas!

Até mais ver!

Sãopaulino

PS: Manda um abraço pro seu amigo Sobrenatural de Almeida!

7 de mai. de 2008

A festa

Não deve ser fácil ser o dono da festa!
Mil coisas e outras dez para se preocupar...
Primeiro, escolher o local da festa.
Depois, pensar nos convidados, enviar convites, confirmar presenças e ausências e, com base nisso, calcular o quanto de cada tudo será suficiente para agradar.
Serviço de manobrista, equipamento de som, banda, DJ, comidas e bebidas, garçons e cozinheiros, serviço de limpeza, pista de dança, segurança, banheiros...
Antes da festa, imagino, o dono só pensa em agradar. E em ser agradável.

Festa iniciada, deve ser uma correria!
Receber convidados e oferecer conforto.
Nos bastidores, lidar com pepinos. Resolver o problema de uma caixa de som, que tem mal contato, dar ordem aos garçons para que as taças não fiquem vazias, indicar ao pessoal da limpeza que uma privada entupiu, dar bronca em manobrista que riscou o carro do convidado, pedir para o DJ abaixar o som por causa do PSIU, pedir para aumentar, porque convidados estão reclamando...
Além disso, o dono da festa tem que se preocupar em encontrar atendimento médico para aquele convidado que excedeu na bebida. Deve impedir a briga entre dois marmanjos porque um paquerou a namorada de outro. Precisa encontrar assentos melhores para um grupo de senhoras, insatisfeitas com a mesa oferecida. Procura acalmar um gordão que dança esbarrando em todo mundo. Ouve reclamações e pede desculpas...
Se começa a chover, tem que dar graças a Deus por ser precavido e pensar no toldo antes da festa.

Se a festa foi um sucesso, gosta dos elogios, mas coloca-se no objetivo de fazer outras ainda melhores.
E haja responsabilidade!
O número de convidados aumenta. A infra-estrutura tem que melhorar. Os problemas surgem com mais facilidade e são resolvidos com mais dificuldade. As reclamações também aumentam.
Os elogios idem.

Mas imagino que um dia o dono da festa se cansa de tudo.
Porque apesar de todo o sucesso e da reconhecida competência em organizar baladas, ele passou a desgostar. Deixou de aproveitar suas próprias festas e passou a desejar ser apenas um convidado.
Egoísta e ensimesmado, resolve abandonar o ramo e passa a ser mero convidado da festa de outros...