27 de jan. de 2009

Ironia

Olha o cara lá
Pra todo mundo ver.
Um sorriso de matar,
Brilho n'olho de quem crê.

Quanta segurança,
Sem mentiras
Ou fachada ou
Pura aparência.

Por dentro
Como fora.
Pleno em sentimentos,
Desgarrado dos lamentos.

Olha quanta alegria,
sem ter que disfarçar
no rosto a ironia.
Livre pra gargalhar.

Repara, se puder,
o bater do coração.
Regular a pulsação,
pro que der e vier.

Não se engane, portanto,
ao ver lágrimas a cair.
É só choro de espanto,
feição à beira do rir.

26 de jan. de 2009

Um Teto para meu País - Brasil - Parte 2


Duas semanas sem postar palavras.
Tempo insuficiente, diria, para digerir.
Mas talvez uma vida toda seja igualmente insuficiente.
Falar do Teto (como já chamo carinhosamente) e do trabalho desenvolvido é extremamente difícil.
Trabalho que envolve uma boa dose de emoção com o mesmo tanto de razão. Puta clichê! Mas é verdade.

Não é possível que pessoas vivam em condições tão degradantes quanto as que vi em seis dias de trabalho na favela! Não é possível! O que deu errado no mundo? No homem?
Ao mesmo tempo, irônica e paradoxalmente, existem, feito rosas num deserto, pessoas fantásticas vivendo nesse ambiente.
Não que eu duvidasse disso, mas nem vendo eu creio!
Em algum lugar existe bom humor, esperança.
Uma fé legítima!

Ontem eu retornei à favela.
Depois de uma semana que se opôs, em quase tudo, ao que vivi naqueles seis dias de construção.
Foi bom.
Pessoalmente, dá muito orgulho olhar praquela casinha e pensar "tá vendo aquele teto, moço? fui eu que construí".
Olhando em volta, pra família que recebeu a casa, pros vizinhos que ajudaram, percebi mudanças para melhor. Na convivência entre os vizinhos, no cuidado com o entorno da casa.
Tudo muito sutil. Como o próprio comportamento humano.

Enfim...está difícil para escrever. Até porque a prosa tem sido mais difícil que a poesia, ultimamente.
Segue o link para o post de Dezembro de 2007.

11 de jan. de 2009

Em obras...

...a reformar caráteres
A reforçar atitudes
A renovar esperanças
A recriar espaços
E laços.
Volto em uma semana
E abraços!

9 de jan. de 2009

vacila

Esse silêncio que falava melhor
por mim.
Esse ignorar ingênuo, um despreocupar
momentâneo. Instantâneo.
Essa lacuna, ausência de sentimento,
mera vibração,
amor de verão.
Esse vacilo charmoso, difícil de fisgar,
paixão de curioso.
um nada a declarar.
Falta que faz o embate duvidoso,
de olhares cruzados
e poético argumento.

7 de jan. de 2009

abraço

meu país merece um abraço.
abraço cordial e nem um pouco trivial.
quero abraçá-lo por não resistir à tentação
de ver essa celebridade em forma de nação!
país sem noção e com mania de grandeza,
que merece um abraço em seu desamparo,
um moderno mendigo em puro despreparo.
dialética infernal que encoberta a tensão racial,
em barracos ou no melhor extrato social,
falando a mesma lígua e desembocando em gol,
arquibancadas em euforia de abraços e alegria!
esse povo desigual de cultura sem igual,
que deseja um abraço de berço patriarcal.
meu país merece mais esse calor cordial.

por quê verso

Verso por não saber
Ou saber demais.
Por paixão
ou crua frieza.
Verso por querer
ou vontade de vomitar.
No puro ímpeto
ou a medir palavras.
Verso o espírito
ou algo menos tangível.
Verso por sentir
ou por masoquismo.
Verso cerebral
ou simplesmente cordial.

5 de jan. de 2009

Veneno Remédio


Estou nas últimas páginas de "Veneno Remédio - O futebol e o Brasil", de José Miguel Wisnik (446 págs. - Companhia das Letras).
Sensacional!
Ele mistura e separa, a um só tempo, pensamentos da sociologia, da antropologia, da psicologia, e tantas outras áreas da ciência para pintar um interessante quadro sobre nosso país em relação ao Futebol. E sua relação com o futebol.
Mais do que isso, trata do jogo jogado, dentro de campo, como um tubo de ensaio para um profunda análise da alma brasileira.
E, por campo, entenda-se grama, terra, areia, asfalto...
Só lendo para entender!

4 de jan. de 2009

Ruinas


Hace un año
Trés chicos
Por las calles
Paceñas o
Cusquenãs
Perdidos en arena
Del desierto
Sólo a mirar
Ruinas humanas
Y sus creaciónes

mente muda muda mente

Como funciona essa mente?
E que mente.
Que mente pra si em contar verdades aos outros.
Pelo sim, incontáveis inverdades.

Como trabalha essa cabeça
Mergulhada no ócio,
Afogando no encaixe das peças
Picotando tudo que pensa

De que forma, qual inacabada,
Se reforma, disforma, transforma?
Em qual forma?

E como ela muda muda muda
Inquieta, paciente
Ouvir, falar