26 de mar. de 2009

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Transições são espelhos.
Mudanças são o caminhar frente a tais objetos reflexivos.
Um, ao olhar para tal superfície, frente à fronte, depara-se com si. Se fosse aquele a quem mira, não seria o próprio.
Que olha.
Vê-se diverso, avesso, contrário, oposto.
Vira-se; espelho às costas; traça um caminho.
Distancia-se aquele. Não some. Afasta-se.
E longe vai o próprio. Reflete
Fica longe o reflexo. Não some.
Somam-se espelhos a passos. Transições.
Mudanças a reflexos. Que não somem.
Caminha um e de si se afasta. Na busca de um si.
E se? Reflete
Mudo, muda.

21 de mar. de 2009

Hernanes, a seu tempo

Habilidoso, ambidestro, eficiente, craque.
São muitos os adjetivos que vem sendo colocados nas páginas tricolores dos jornais para definir o camisa 10 do São Paulo.
Mesmo quando entrevistado, Hernanes trata de reforçar as características que lhe atribuem. Entrevistas como a de sábado, na página de esportes do Estadão.
O meio-campista (sim, ele é!), porém, sabe bem da responsabilidade que vem junto com o número estampado nas costas, ainda que não acredite que isso possa trazer diferenças em sua maneira de jogar.

Quem vê Hernanes em campo normalmente enxerga o talento de um jogador completo. Chute forte com ambas as pernas, capacidade defensiva de alto nível e noção espacial invejável.
(Repare como protege a bola deixando-a entre as pernas, preparando o corte seco improvável, impossível para os marcadores).
Ao lado de Jorge Wagner, o pernambucano é a peça mais importante do time.
Se um dos dois não vai bem, o São Paulo sofre para ganhar.

Na última quarta-feira, o Tricolor foi ao Uruguai e trouxe vitória importante diante do Defensor.
Num jogo típico de Libertadores, a vitória chegou em uma das poucas chances criadas. E Borges não perdoou.
Inegavelmente, o torcedor sãopaulino sabe qual é a 'pegada' de um jogo de Libertadores. A vida nunca é fácil e definitivamente não há perdão em campo, como Borges demonstrou.
No entanto, um sãopaulino atento pode ter tido a impressão de que daria para ser mais fácil.
Os termômetros do time não estiveram bem. JW e Hernanes pareceram meio desligados, ainda que o segundo tenha mostrado lampejos ao longo dos noventa minutos.

Depois da partida (e de outras tantas da Libertadores em que Hernanes pareceu 'desligado'), comecei a pensar em outros motivos para explicar uma certa displicência do craque em partidas da Copa.
Além de todas as características citadas acima, Hernanes tem um traço em sua personalidade que o diferencia e o credencia a se consagrar vestindo a 10.
Hernanes tem um tempo próprio. Um ponteiro que é só seu.
Não está disposto a 'jogar a partida' dos outros, a correr no ritmo dos outros.
Até aí, isso pode ser um problema.
O sãopaulino não precisa ir muito longe para lembrar de outro camisa 10 de cadência e evolução próprias.
Danilo, que nunca foi unanimidade, também ditava o ritmo próprio, apesar de não fazê-lo sozinho. Parecia fora do mundo. Até uma assistência perfeita ou um tiro certeiro ao gol. Assim ele se consagrou vestindo a 10 Tricolor.

Hernanes vive hoje situação parecida. Mas tem mais adeptos e fãs que Danilo.
Para se consagrar, Hernanes deve aprender a ditar seu ritmo ao time. Deve saber 'ler' uma partida de Libertadores (que em muito se diferencia dos certames nacionais) e usar suas qualidades para o time. E não mais correr em seu ponteiro solitário.
Ao lado dele há jogadores que saberiam ajudá-lo.
A Libertadores 09 é a grande chance de Hernanes se firmar como craque nacional!

15 de mar. de 2009

Não faz mal

Faz mal o saber
O não saber e o não ter
que fazer.
Pregunto 'o que
fazer'.
Numa invasão que
desperta dúvida,
num arroubo de
nem reconhecer
o que de ti
sinto falta.
E a mim falta noção.
Perdido em mundo de idéias.
puro platão.
Seu amor que desconheço
e nem conheci.
E perdi e caí
Vasto o tempo
Sem que amo a ti.

9 de mar. de 2009

Fenômeno

Se eu fosse palmeirense, não estaria nem um pouco chateado.
Foi espetacular!
Ele foi o melhor jogador da partida jogando menos de 45 minutos.
Fenomenal...

8 de mar. de 2009

Dérbi

Eis uma homenagem aos dois clubes que duelam hoje.
Clubes que, diga-se de passagem, vivem desde suas origens um "tórrido e comovente caso de amor", nas palavras Conrado Giacomini.
Sobre o vídeo, garanto que foi um dos melhores jogos de futebol que já assisti. Incluída aí a partida de ida!


"É Júnior e Alex contra rapa, Galvão!"

7 de mar. de 2009

2009 diferente

2009 é diferente.
Pra mim e pros outros sãopaulinos.
Bastante diferente!
Ou seria só para mim?

Acontece que o Tricolor atingiu um patamar em que não me cansa assistir suas partidas.
Entenda, rival...não é soberba.
É nirvana.
E o que mais eu poderia pedir ao Muricy?
Sério...pense com o coração!
Se bem me lembro, quando o São Paulo foi campeão do mundo (ou melhor Campeão do Mundo), disse que jamais iria reclamar do meu time. Estava feliz para a eternidade!
Mas eis que o sãopaulino mais autêntico, nosso treinador, resolve ganhar três Brasileirões em seguida.
Veja bem: Muricy dobrou a quantidade de campeonatos nacionais ganhos pelo São Paulo.
E o que eu repeti naquele saudoso sete de Dezembro?
"Jamais vou reclamar do meu time outra vez!"

É nirvana!
Simplesmente não consigo ver o 'lado ruim'. É tudo bom...
Até quando o Tricolor perdia do Independiente na estréia da Libertadores eu me divertia ao ver a dificuldade do ataque em colocar a bola para dentro. Ria dizendo: "Hoje ela não quer entrar..."
E, como sempre, o Tricolor arrancou mais sorrisos. Que golaço do Borges!

E para ser mais sincero ainda, garanto que não estou preocupado com a temporada.
Continuo indo ao estádio, sofrendo durante as partidas e pensando no time, mas o estado de espírito é tão bom que é por prazer e não vício. Nem superstição.

Se a Liberta não vier, ao menos será divertido acompanhar como 19 clubes tentarão (mais uma vez) impedir que o Tricolor levante o caneco!
Eis uma frase dita em 2007 e repetida em 2008: "O São Paulo não vai ser campeão. Não vão deixar..."
Melhor não prever nada, freguesia!