26 de dez. de 2010

escolha

Não
Escolha não
Não escolha não
Não escolha não
Não encolha
escolha não.

Encalhe não
No encaixe
Não encane não
Caiba no chão
Descole então

Calhe não
Não cale não
Não entale vão
Colha
Do chão

Escale do chão
Escole do vão
Escolha não
Não encolha
Não escolha não

16 de dez. de 2010

nunca

O nunca é palavra absurda
Palavra que não me cabe,
Não nos cabe.
Nunca é elástico temporal rasgado,
o esticar da existência sem medida.
Representação do vazio,
morte do querer,
nunca é antônimo da vida.
Mete medo por não estar no amanhã.
Talvez o nunca seja combustível,
advérbio traiçoeiro que nos enche de ganas.
Nos move à transgressão fronteiriça
entre o ser e o não-ser
O nunca, quase sempre, precede uma pergunta:
Será?
E assim ficamos, sem resposta,
à espera de um talvez.
Talvez uma dança
Talvez um abraço
Talvez um beijo.