Tempo, essa coisa que nos escorre sem controle algum. Ilusão
nossa.
Tempo como uma bola de futebol rolando num gramado.
O meu tempo, sempre tão marcado pela trajetória do meu time
do coração. Dessa coisa que me aproxima dos meus amigos, mesmo que não compartilhem
o clube Mais Querido, que me coloca dentro da minha família, essa tão Tricolor!
Esse tempo marcado pelos tantos noventa minutos acumulados,
tão cheio de ciclos e círculos concêntricos em volta de uma bola de futebol.
Histórias dentro de histórias, dentro de histórias: O ciclo
de uma metade de um jogo, que define humores e mau-humores; o ciclo de dois
tempos que se conjugam ora em vitória, ora em empate, ora em derrota e que
define o(s) dia(s) seguinte(s); ciclo de um campeonato, que condiciona um
semestre; ciclo de uma temporada, que pode definir os senãos e poréns de uma
vida. Ciclo de uma fase derrotada ou de uma fase iluminada. O ciclo de um
craque, de um ídolo, de um canto de torcida.
São tantos os tempos que temos que lidar nesse apaixonante
universo do futebol que ás vezes sinto que não dou conta.
Olho pra trás e procuro uma lógica reconfortante nesse caos
ludopédico: nasci campeão, fui criança vitoriosa e adolescente derrotado. Entrei
na vida adulta sem saber perder, sabendo muito o que é perder. Homem feito,
acho, me sinto de volta àquela adolescência. Vou voltar a ser adulto algum dia?
E nesse tempo, indivisíveis parecem ser a alma do goleiro das
três cores e o time das três cores. Indissociáveis são meu sangue correndo nas
veias e a imagem do técnico batendo a mão no pulso.
Não sei o que é ser Tricolor sem estes elementos transcendentais no gramado ou na tela da tevê.
Não sei o que é ser Tricolor sem estes elementos transcendentais no gramado ou na tela da tevê.
É ciclo se encerrando, trazendo lágrimas de choro e riso.
Memórias de domingos de sol, quartas de chuva, madrugadas insones.
E vou ter que começar outra jornada, descobrir o que há na
vida após chuteiras penduradas.
Que seja no cimento do velho templo, ao lado dos meus!