26 de mar. de 2008

Viagem Peru/Chile/Bolívia - Camino Inca e Machu Picchu

Ok, caro leitor!
Eis a seqüência da viagem!
Vou colocar tudo num post apenas!
Faz quase dois meses que pisei no Brasil novamente, mas parece que não escrever sobre a viagem tem segurado minha inspiração em algum lugar!
Vamos lá então...

Acordamos em Cusco e eu, felizmente, não estava doente! O remédio da noite anterior foi importante. Acho!
Saímos ás pressas do hotel e nem deixamos propina (gorjeta) para o porteiro!
6h15 em ponto estávamos em frente a agência!
Entramos no ônibus e recebemos algumas instruções no caminho até o Km 82, perto de Ollantaytambo.
As instruções mais importantes, interpretadas por mim: papel higiênico e garrafa de água (2,5L) serão seus melhores amigos durante a trilha inca!
No mais, uma mochila leve e resistente, roupas ensacadas e tênis com grip!
Conhecemos nosso grupo de trilha logo antes de entrar no Camino Inca! Duas americanas, três inglesas, uma suíça e duas dinamarquesas! Todas mulheres e que não falavam uma palavra sequer em espanhol. Bom para treinar o inglês!
E o guia Gérson! Gente finíssima!
Passaporte carimbado e lá vamos nós!
A trilha é espetacular! O caminho que fazemos é o mesmo que os incas faziam para chegar na cidade de Machu Picchu! A vista, a sensação de estar no coração das cordilheiras é algo difícil de medir!
O primeiro dia é bem tranquilo! Chegamos no fim da tarde ao primeiro acampamento e jantamos!
Ao sair da barraca de jantar, olho para um céu estrelado e com lua cheia! Senti-me privilegiado! Achei o cruzeiro do sul!
Dormimos eu e Marcão em uma barraca e Andre, sozinho, em outra!

Você deve estar se perguntando: jantar? barraca? acampamento?
Eu respondo: Carregadores!
Estes homens são quase deuses pelos milagres que fazem!
Carregam mais peso que nós, chegam mais rápido, descansam menos, levam nossas barracas, montam (e desmontam) todo acampamento e ainda cozinham nossas refeições (muito boas, diga-se)!
Até vale uma história! O que mais me impressionou em um carregador não foi o bujão de gás que ele levava nas costas, mas a sacolinha com ovos (nenhum quebrado) que carregava com a mão!

Acordamos. Fomos mutuamente apresentados aos carregadores! Um deles chamava-se Felipe!
Sobre os banheiros, que também devem despertar sua curiosidade, é bom não falar muito! Se antes eram as tampas de privada que rareavam, agora são as próprias privadas!
Peter Parker e Homer Simpson têm a solução!

Saímos para aquele que seria o dia mais difícil!
E foi!
Subimos 1.300 metros de altitude até o Warmiwañusca, ponto mais alto da trilha!
Vento, garoa, frio! Falta de O2!
Quase congelo meus dedos lá em cima!
Na descida, como se não bastasse o cansaço acumulado da subida, temos que prestar muita atenção para não cair! O piso molhado é um risco, pois como é uma enorme escada até láááá embaixo, se você escorregar e quebrar algum membro vai precisar de sorte e paciência.
Não chega helicóptero, carro ou qualquer meio de transporte por lá!
Não queira se machucar gravemente ou um carregador terá que levá-lo de volta ao Km82 ou até Aguascalientes!
Chegamos inteiros! E relativamente cedo! Pudemos dar uma descansada à tarde, antes do jantar e, depois, dormir até o dia seguinte!

Recuperados, bem dormidos e alimentados, saímos para o dia mais longo de caminhada!
Oito horas!
Além de ter sido o dia em que pegamos mais sol, este foi o dia em que pegamos mais chuva!
E que chuva!
O último acampamento foi 'molhado', eu diria! O esperto aqui não havia levado um mísero saco plástico envolvendo as roupas!
Paciência. Tomei banho. O mais gelado de toda minha vida! E emprestei algumas peças de roupa do meu primo Andre!
Antes disso, porém, vimos uma ruína que fica perto do acampamento! Sensacional! A ruína servia como local de cultivo de grande parte do alimento que ia para Machu Picchu!
Saído do banho, corpo quente, fui tomar chá e jantar com o grupo!
A última refeição antes de Machu Picchu! E os carregadores iriam embora assim que acordássemos, ás quatro da manhã!
Juntamos todos uma boa propina para os carregadores. Fui o encarregado de entregar o dinheiro e fazer uma espécie de discurso.
Disse a eles que fizeram parte de um momento importante da vida de todos aqueles viajantes! Jamais nos esqueceríamos de todo o esforço que eles fizeram para que nós tivéssemos a oportunidade de chegar a Machu Picchu!
Não esquecerei mesmo!

Acordamos no dia seguinte e fizemos mais duas horas de caminhada até a entrada da cidade, a Porta do Sol!
As nuvens tapavam a vista da cidade, ainda um pouco distante!
Argentinos entoavam cânticos de torcida para que as nuvens saíssem! Eles adoram atenção!
***
Para quem vai a Machu Picchu de outra forma que não a trilha de quatro dias (de trem, por exemplo), provavelmente aquilo é o supra sumo de uma viagem!
Para mim, a chegada foi 'só' mais uma coisa espetacular dentro dos quatro dias caminhando!
Sem dúvida Machu Picchu é um espetáculo à parte!
Mas a trilha, à medida que acontece, vai nos anestesiando até o ápice!
Aproveitei a cidade tanto quanto aproveitei cada minuto de caminhada!
Apesar de todo cansaço, recomendo fortemente! Uma vez na vida!
***
Fizemos um passeio de duas horas e meia com o grupo.
Gérson explicou que a cidade provavelmente foi abandonada quando da chegada dos espanhóis. Ao que tudo indica, o Imperador ordenou que a cidade evacuasse. Ao longo do período de conquista, os espanhóis teriam destruído os acessos para Machu Picchu, fazendo com que ela 'se perdesse' por quase quatro séculos, quando foi encontrada por Hiram Bingham, no início do século XX.

Uma pena que não fomos até Wayna Picchu, montanha que fica a frente da cidade, de onde se tem a melhor vista!
Nos despedimos do grupo e caminhamos por conta própria!
Sentamos em um lugar silencioso por alguns minutos, tentando entender tudo aquilo!
Aliás, é raro encontrar paz naquele parque! Apesar de a trilha ter o número restrito de 500 pessoas por dia (contando os carregadores!), o Parque de Machu Picchu não tem limite!
Muita gente!

Caminhamos por entre muros de pedra, santuários, debaixo do sol, que nos abençoou durante toda a estada na cidade perdida.
Descemos de ônibus até a pequena cidade de Aguascalientes.
Reencontramos o grupo e Gérson, que nos deu as passagens de trem até Ollantaytambo, onde pegaríamos um ônibus até Cusco.
Meu corpo se entregou na poltrona do trem, cansado que estava!

Chegamos em Cusco.
Eu tomei um necessário banho!
Arrumamos as mochilas, que haviam passado os quatro dias na agência.
Jantamos bem e na companhia do grande Iván! Sem o qual não teríamos fechado a trilha a tempo! Ele até pareceu emocionado diante do convite que fizemos, para tomar uma Cusqueña conosco!
Fomos até a rodoviária e pegamos o ônibus para Arequipa!

Para mim, a viagem já havia cumprido seu destino!
Estava extremamente feliz!
Valeu muito o esforço!

Um comentário:

Neta Mello disse...

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