21 de mar. de 2009

Hernanes, a seu tempo

Habilidoso, ambidestro, eficiente, craque.
São muitos os adjetivos que vem sendo colocados nas páginas tricolores dos jornais para definir o camisa 10 do São Paulo.
Mesmo quando entrevistado, Hernanes trata de reforçar as características que lhe atribuem. Entrevistas como a de sábado, na página de esportes do Estadão.
O meio-campista (sim, ele é!), porém, sabe bem da responsabilidade que vem junto com o número estampado nas costas, ainda que não acredite que isso possa trazer diferenças em sua maneira de jogar.

Quem vê Hernanes em campo normalmente enxerga o talento de um jogador completo. Chute forte com ambas as pernas, capacidade defensiva de alto nível e noção espacial invejável.
(Repare como protege a bola deixando-a entre as pernas, preparando o corte seco improvável, impossível para os marcadores).
Ao lado de Jorge Wagner, o pernambucano é a peça mais importante do time.
Se um dos dois não vai bem, o São Paulo sofre para ganhar.

Na última quarta-feira, o Tricolor foi ao Uruguai e trouxe vitória importante diante do Defensor.
Num jogo típico de Libertadores, a vitória chegou em uma das poucas chances criadas. E Borges não perdoou.
Inegavelmente, o torcedor sãopaulino sabe qual é a 'pegada' de um jogo de Libertadores. A vida nunca é fácil e definitivamente não há perdão em campo, como Borges demonstrou.
No entanto, um sãopaulino atento pode ter tido a impressão de que daria para ser mais fácil.
Os termômetros do time não estiveram bem. JW e Hernanes pareceram meio desligados, ainda que o segundo tenha mostrado lampejos ao longo dos noventa minutos.

Depois da partida (e de outras tantas da Libertadores em que Hernanes pareceu 'desligado'), comecei a pensar em outros motivos para explicar uma certa displicência do craque em partidas da Copa.
Além de todas as características citadas acima, Hernanes tem um traço em sua personalidade que o diferencia e o credencia a se consagrar vestindo a 10.
Hernanes tem um tempo próprio. Um ponteiro que é só seu.
Não está disposto a 'jogar a partida' dos outros, a correr no ritmo dos outros.
Até aí, isso pode ser um problema.
O sãopaulino não precisa ir muito longe para lembrar de outro camisa 10 de cadência e evolução próprias.
Danilo, que nunca foi unanimidade, também ditava o ritmo próprio, apesar de não fazê-lo sozinho. Parecia fora do mundo. Até uma assistência perfeita ou um tiro certeiro ao gol. Assim ele se consagrou vestindo a 10 Tricolor.

Hernanes vive hoje situação parecida. Mas tem mais adeptos e fãs que Danilo.
Para se consagrar, Hernanes deve aprender a ditar seu ritmo ao time. Deve saber 'ler' uma partida de Libertadores (que em muito se diferencia dos certames nacionais) e usar suas qualidades para o time. E não mais correr em seu ponteiro solitário.
Ao lado dele há jogadores que saberiam ajudá-lo.
A Libertadores 09 é a grande chance de Hernanes se firmar como craque nacional!

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