13 de mar. de 2012

escrita e terapia:terapia escrita

Esse blog é velho. Do tempo que ainda não tinha facebook, quando eu não tinha orkut e essa era minha única forma de expressão na internet (sem contar o email).
Também é de um tempo em que a principal coisa que passava na minha cabeça era futebol. Em 2006, foi praticamente um casamento. Entrava aqui todo dia só pra falar de futebol. O nome do blog era só "O futebol". E a sensação que eu tinha era de que não precisava tanto de leitores, que eram poucos e bons. O blog era uma maneira de registrar simplesmente o que passava naquela cabeça.
O tempo foi passando e comecei a escrever sobre outros assuntos. E de outras formas.
O blog virou uma espécie de diário pessoal, ainda que aberto pra todo mundo ler. Por um longo tempo, uns dois, três anos, escrevi muita poesia. Muita mesmo! E era fácil. Ás vezes escrevia durante uma aula e postava aqui, ás vezes, numa madrugada acordado, jogava as palavras na tela e gostava, em primeira mão, do que lia. Ficou ainda mais legal depois que comprei um notebook, porque passei a escrever na cama, e isso até me tornou uma pessoa mais noturna.
Nesse tempo, a sensação que tinha era de que as poesias, em geral, funcionavam como terapia, como uma sublimação psicanalítica para o que eu vinha reprimindo.
A terapia por escrita.
Era uma delícia terminar uma poesia com uma sensação de leveza. Como se tivesse literalmente tirado um peso dos ombros. Sinto muita falta dessa fluidez poética que um dia tive! Foram mais de 70 poesias naquele período.
Hoje eu até escrevo algumas, mas depois de muito pensar, depois de muito esforço, depois de jogar muita folha fora. Ou de deixar rascunhos de lado sem postar no blog. Tem muita coisa escondida no próprio blog. E nem eu lembro exatamente o quê!
O tempo foi passando e eu comecei a fazer terapia de fato. Consultório, hora marcada, terapeuta, divã, etc. Não sei se foi coincidência a diminuição da frequência no blog.
E mesmo com a terapia semanal, sempre senti falta desse espaço. Até porque isso aqui é diferente de uma terapia, mesmo com alguns efeitos semelhantes.
O que me deixa encafifado é a dificuldade de fluidez de palavras, tão necessária para a escrita e também para a terapia.
De uns tempos pra cá, penso demais antes de escrever ou de falar. E isso já me prejudicou muito!
Como se eu tivesse, em algum ponto lá do passado, deixado de me colocar, de pôr minhas opiniões na mesa, de me comprometer com algo ou comigo mesmo. E esse espaço, que sempre foi ocupado, virou velharia empoeirada. Um traço da minha memória, ainda que memória recente.
Entre 2010 e 2011, fiquei um ano sem fazer terapia. Voltei em setembro último.
A maior dificuldade de todas tem sido criar ali um espaço meu, sem amarras, sem vergonhas, sem resistências. Como era, simbolicamente, esse espaço aqui. Eu jogava minha opinião aqui e foda-se! Se alguém lia e concordava, ótimo. Se não concordava, perfeito, mais pano pra manga. Se não liam, eu lia e isso bastava.
E agora luto com as amarras, com a escolha de palavras. Com o medo da discordância ou do compromisso que, ao escrever, tenho que ter comigo.
Me meço demais pela demanda alheia, perco espontaneidade.
Mas escrita é treino, como é o futebol e, por que não, a terapia. Escrever um haikai como se fosse um passe de dois metros ou a verbalização de uma memória marcante e latente.
Muitos versos, passes e verbos depois, a gente parece que sabe onde a bola vai cair.
O esforço aqui é de voltar a escrever. Sobre futebol e...

2 comentários:

Luiz Gómez disse...

Welcome back meu camarada! Bom saber que você recuperou sua vontade de escrever, perdida em algum canto.

Eu ainda luto para recuperar a minha. Assim como você, sinto falta "disso aqui".

Vamos que vamos!

Luiz Gómez disse...

A propósito, saudades! E parabéns atrasado!