10 de set. de 2013

Muricy: Perdão, Gratidão e Trabalho

Ele está de volta.
Depois de pouco mais de quatro anos e um abismo entre o clube modelo de gestão, campeão de tudo, soberano, pioneiro e o clube perdido administrativamente, mergulhado em mesquinharias políticas e lutando para não sofrer a maior queda de sua existência.
Muricy teve uma primeira passagem pelo São Paulo ainda precoce. O clube sofria um vácuo de comando em campo com a perda de sua maior figura do banco, Telê Santana. Cria da casa, o treinador que hoje volta ao Morumbi, era lapidado para substituir Telê aos poucos.
Telê sofreu uma isquemia e Muricy precisou assumir.
Chegou a ser campeão da Copa Conmebol, ainda comandando o famoso Expressinho, mas o término da carreira de seu Mestre, somada às consequências da perda do Tri da Libertadores, em 1994, dificultaram o jovem treinador.
E Muricy foi embora triste, sabendo que voltaria.
Como se ir fosse necessário para voltar.

Mais de uma década depois, gabaritado, campeão por onde passou, ele voltou.
Chegou com fome para comandar um time campeão.
Soube, como poucos, manter um grupo com fome e foco.
Sofreu com as perdas obsessivas da Libertadores.
Foi conquistando Brasileiros e sãopaulinos.
Quando era quase unânime nas arquibancadas, caiu pelas mãos hipócritas dos bastidores.
Saiu pela porta dos fundos. Triste.

Sua queda decretaria o retorno das vacas magras.
Uma turbulência sem precedentes atingiu o clube.
Perdas! Muitas perdas!
O clube perdeu o Morumbi na Copa.
Perdeu a comissão técnica fixa.
Perdeu Turíbio, Carlinhos, Rosan.
Perdeu Marco Aurélio Cunha.
Perdeu clássicos. Virou freguês.
Perdeu o respeito.

Hoje, Muricy voltou.
O cenário: ídolo em fim de carreira e sem a confiança que o marcou em mais de 20 anos de São Paulo. Craque-aposta desacreditado. Artilheiro em depressão. Diretoria embriagada.
E Muricy voltou feliz, sorrindo.

A entrevista de agora há pouco foi uma aula de perdão, de amor, de gratidão.
Muricy nunca foi político.
Nunca será. Só quer vestir o boné, pisar no gramado e trabalhar.
Não quer saber de esfregar na cara de seus antigos detratores e novos-velhos patrões o currículo e a vendeta. Quer participar de mais um momento importante da história do clube. Quer ajudar com o que tem para oferecer. Quer olhar pra frente sem lamber feridas.
E não é só o perdão. É mais que isso!
Muricy é magnânimo ao lembrar que mais do que o clube que o demitiu, chutando-o para fora sem honrarias, o São Paulo é seu berço, sua casa. E não seria essa a verdadeira relação familiar que conhecemos em nossas respectivas casas?
Uma lição de amor!
Uma prova de que é o cara certo.
São Paulo e Muricy foram feitos um para o outro.

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