21 de ago. de 2006

Futebol que dá gosto

Está sendo muito difícil voltar a escrever.
Foram duas semanas de muita ansiedade, muita tensão, nervosismo.
Tudo isso por causa do futebol. Por causa de vinte e dois marmanjos correndo atrás de um objeto redondo.
Ah, se a Vida fosse mais simples...
O futebol explica a vida. Esse esporte que é muito mais do que um bando atrás da bola.
Assim como a Vida é muito mais do que estudar, trabalhar, constituir família e morrer.

Já fui a 24 jogos este ano. Hum, 25, se considerar o clássico Palmeiras x Santos, no Palestra. Nenhum dos dois, times do meu coração. Fui apenas pelo prazer de ver futebol. E porque meu São Paulo já havia jogado contra o Santa Cruz no Sábado.
Em muitos deles, tive a estranha sensação de que estava exagerando. "É fanatismo demais", pensava eu.
Em outros, me vi como que em uma espécie de transe. Como se não houvesse nada além do campo, dos jogadores e do futebol jogado. Acho que o principal, nesse ano, foi num Bragantino x São Paulo, em Bragança. Uma chuvarada que fez o preço das capas de chuva dobrar com apenas algumas gotas a mais. Foi memorável! Até a chuva queria participar daquela partida. Tanto que só "apareceu" durante os 90 minutos de jogo. Não antes, quando garoava e nem depois, quando cessou.
Um mero São Paulo e Bragantino. Quando tive a oportunidade de ver o Palmeiras, o Santos, o Chivas, o Inter...enfim...todos adversários muito mais atraentes que o time do interior paulista.
Mas foi um jogo que me prendeu a atenção mais que qualquer outro.
E assim é a vida.
O que é fácil torna-se difícil. E o que é difícil torna-se fácil.
Ás vezes damos mais peso para certas coisas e menos para outras, mas o que importa é a marca que aquilo deixou.
Contra o Bragantino o São Paulo suou para empatar em 3 a 3. Contra o Chivas, enfiou um sonoro 3 a 0.
Vai entender...

Mas o propósito deste 'post' é contar um episódio importante dessa temporada repleta de futebol. As finais da Libertadores.

Foram dois jogos maravilhosos!
De um lado um time bem montado, tarimbado, super-campeão, entrosado e corajoso. O São Paulo.
Do outro, um time que, apesar da pouca experiência, jogou com muita inteligência. Soube explorar os (poucos) defeitos do adversário. O Internacional.
No jogo do Morumbi, uma partida sufocante. Não havia um segundo sequer para respirar. Era um ataque do São Paulo, um contra-ataque do Inter. Um desespero para a bola entrar, um desespero para a bola não entrar. Rafael Sóbis foi inexplicável. A narração do locutor gaúcho traduziu toda a emoção que o atacante deve ter sentido quando fez o segundo gol.
No Beira-Rio, o São Paulo não tinha nada a perder. E tinha tudo para ganhar. Mas eis que Rogério Ceni, o mito, mostrou todo seu lado humano. Errou. Péssima hora! Fernandão, outro fenômeno, não perdoou.
Ainda dava, mas, no íntimo, todos os sãopaulinos sabiam que a falha do Maior jogador da história do São Paulo deixaria o resto do time com o moral lá embaixo. Deixou e não deixou.
O tricolor foi para cima, empatou na bacia das almas e, a um minuto do fim, a torcida colorada com o vermelho coração na boca, viu Clêmer fazer a defesa de sua vida numa cabeceada de Alex Dias.
...
Inter campeão da Libertadores!
***
Todos sabemos que não foi a falha de Rogério, nem a expulsão de Josué, que fizeram o São Paulo perder esse título. Foi o Inter que fez isso!
Um belo time! Ganhou a América com todos os méritos. Ganhou no futebol, e não no detalhe, como alguns dizem por aí.
E os gaúchos colorados sabem o quanto o São Paulo valorizou, ainda mais, o título dessa Libertadores 2006.

Meu lado emocional guardará esse confronto entre São Paulo e Internacional como uma página triste da minha vida de torcedor. Mas meu lado racional sorri e diz: "Que privilégio foi ter acompanhado dois jogos de tanta qualidade!". E, como eu escrevi lá em cima, as marcas que ficam é o que interessa na vida.
Guardarei memórias felizes dessas partidas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente post, fechou muito bem a epopéia que foi essa Libertadores. O futebol é uma expressão artística, e como tal, é um maravilhoso meio de canalizar nossas emoções e nossa irracionalidade. Como diz Nélson Rodrigues, se não fosse a arte, estaríamos de quatro, urrando pra lua. Não dá pra encarar o esporte como 11 marmanjos de cada lado, apenas. Que chata ficaria a vida ! Então vamos deixar de ouvir música, qual a utilidade prática de ouvir música ? Gostei da lembrança do jogo contra o Bragantino. Eu também tenho alguns jogos medianos gravados na minha memória, dentre os melhores da minha vida. Vai explicar... Parabéns pelo texto, e pelo blog.