24 de out. de 2008

Crônica de um irmão mais velho

Nunca tive irmão mais novo.
Tenho vários mais velhos, mas sempre me faltou um menor!
Ontem, por essas coisas boas que só o time do coração proporciona, exercitei minha 'mais-velhice'.
Dois grandes amigos meus, irmãos entre si, companheiros de arquibancada, perderam um a companhia do outro.
O mais velho, amigo de longa data, voôu para fora do Brasil e ficará distante por uma temporada. Saudades apertam!
O mais novo, que virou amigo entre tantos e tantos gritos de gol, ficou por aqui com a agradável obrigação de manter a tradição de acompanhar o tricolor nas arquibancadas.
Ele tem doze anos!

Fomos ao jogo. Eu, três amigos, um irmão mais velho e outro "irmão mais novo".
Fiquei lembrando dos meus doze anos como sãopaulino.

É uma tremenda lacuna na minha infância o fato de não ter frequentado o estádio.
Os tempos eram, quem diria, mais perigosos que hoje. Meus irmãos não poderiam arcar com a responsabilidade de cuidar de mim em tempos tão perigosos, dominados pelas violentas torcidas organizadas!
É só ver o quanto o público diminuiu nessa época.
Meu pai também não queria me expor.
A culpa não é deles. Todos são apaixonados pelo calor das arquibancadas!
O jeito foi compensar essa lacuna com uma overdose de futebol desde que conquistei minha independência, aos 17 anos.
Desde então, são mais de 110 partidas num estádio de futebol!

Foi inevitável, ao acompanhar o garoto, me sentir irmão mais velho.
Afinal, fui eu quem o convidou. E ele dificilmente iria ao estádio sem seu irmão de fato acompanhando!
E fomos! Torcemos como sempre, sofremos como de costume, vencemos como por tradição.
A chuva é que foi atípica!
Ficamos eu e o irmão mais novo sem capa de chuva, tiritando os dentes e esperando o gol da virada, da vitória. O gol para pular, gritar e esquentar o corpo!

O gol saiu!
Nosso time luta pelo título!
Jogo terminado, seguimos até o carro debaixo do aguaceiro, que teimava em cair.
Trocando palavras sobre o jogo, sobre o campeonato, sobre a falta que faz o irmão, a falta que faz o amigo!
Garoto esperto!

Não sei dele, mas foi legal demais acompanhar um irmão mais novo no Morumbi!
E, de um jeito ou de outro, pude compensar a lacuna existente nas minhas memórias de infância proporcionando ao garoto a ida ao Morumbi num jogo épico!
Ele e eu temos história pra contar...
Mas sentimos a falta do irmão distante!

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