19 de nov. de 2008

McCartney, a Imprensa e o Futebol

Certa vez na década de 1960, Paul McCartney, vocalista e baixista dos Beatles, concedeu uma entrevista a uma emissora de televisão britânica e revelou ao repórter, quando perguntado, que havia tomado a droga LSD quatro vezes.
A declaração foi amplamente noticiada e o fato ganhou proporções de um verdadeiro escândalo no Reino Unido.
Ao ouvir a resposta de McCartney, o repórter indagou se o beatle acreditava que sua declaração poderia servir como apologia e encorajamento ao uso de drogas por parte de seus jovens fãs.
Sempre inteligente, Paul ofereceu uma aula de jornalismo.
Disse que quis ser honesto na entrevista e não escondeu a verdade.
"Sim, já tomei LSD umas quatro vezes", afirmou.
Porém, como afirmou Paul na época, se o repórter tivesse receio do impacto daquela notícia na sociedade britânica e especialmente entre os jovens, deveria tomar cuidado ao publicar a notícia. O beatle apontou a responsabilidade da imprensa na venda de seu produto, a notícia.

Sem dúvida, a notícia de que um famoso está envolvido com drogas é um prato cheio para qualquer editor.
Mas McCartney, ao refletir sobre sua polêmica entrevista, mostrou a impossibilidade de tratar a imprensa como veículo neutro.
A imprensa tem que ter responsabilidade com o fato, com a notícia, mas não deve perder de vista o alcance e o impacto que ela própria causa na sociedade.

No futebol a coisa não é diferente.
Quantas vezes um fato não foi amplificado porque vende mais jornal e dá mais audiência?
Praticamente todos os dias vemos isso nas páginas de qualquer jornal ou num programa de merchan qualquer.
Mas tenho achado a imprensa brasileira um pouco descuidada ultimamente.

Seja no caso do gás, quando São Paulo e Palmeiras disputavam a vaga nas finais do Paulistão, seja agora às vésperas do jogo Vasco e São Paulo em São Januário.
Os discursos de técnicos e jogadores são passados de lá pra cá como telefone sem fio por jornalistas e acaba-se criando um clima errado para algo que deve ser apenas um jogo de futebol
É um tal de diz-que-me-disse que não contribui em nada para o futebol.
Cria clima de guerra.
Só para exemplificar, ontem o tal do Eurico deu entrevista enervada sobre o assunto. E destilou veneno contra tudo e todos.
Me pergunto como é possível um jornalista dar voz a uma figura tão repugnante! Além disso, é estúpido associar a própria credibilidade à credibilidade de alguém que não tem nenhuma.
Nisso, tenho que concordar com o homem do merchan: "Se o Eurico disser que Pelé é Rei, vou discordar!"

Não é questão de censurar, mas de dar a devida proporção aos fatos.
Sábio foi Paul na terra dos tablóides!

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