29 de nov. de 2008

Podre

É a última tentativa
Duma linha boba
A gravar
Angústia contida.

Mais um erro,
E não me engano:
Deixo pra lá
Esse verso do avesso

Essa estrofe
Sem sentido sem
Ruído cristalino
Sem poética

Largo a métrica
E a rima rica
Ou pobre, burguesa,
nobre ou podre

Um soneto
Mudo
Estático
Impreciso...

28 de nov. de 2008

Aut ori(dade)

"Éé...como a música do Cazuza - o tempo não passa - o tempo não pára..."
6

24 de nov. de 2008

Depois

Tenho medo de 
Ir atrás de ti
Te seguir seu rastro
Em desespero.
Puro despreparo
Nenhum desprezo.
É preciso desapego
Desprendimento.
Ir atrás daquilo
Que resta em frente
Rente a mim
Sem medo.

23 de nov. de 2008

Na hora do intervalo...

...o vice era líder e o líder era vice.
Temi pelo pior.
Injustificado; o tempo mostrou.

A História se aproxima.

Futebol politeísta

Não sei se sou religioso.
Hoje, acho que não.
Mas me vejo como alguém que acredita em Deus.
Me enxergo monoteísta.

Quando se trata de futebol, porém, sou politeísta.
Acredito em vários Deuses da bola. No mínimo dez.
Por quê?
Porque são necessários dez Deuses, no mínimo, para acompanhar a rodada do Campeonato Brasileiro.
Em cada jogo há a sua especificidade, seu tempero. E parece que houve reunião de cúpula entre essas entidades divinas antes do certame começar, para que certos jogos não fossem apenas jogos de futebol.

A única explicação que encontro para estes dois duelos das 17h de hoje é essa: conspiração divina!
Quiseram eles que o Grêmio trombasse com Vágner Mancini, técnico demitido invicto do Olímpico no longínquo mês de Fevereiro!
Em São Januário, trataram de botar o Renato Gaúcho na frente do São Paulo! Pergunte a qualquer sãopaulino sobre o que ele pensa do Renato. E o que ele achou da maneira que o treinador tratou o Tricolor Paulista na Libertadores?
Ah...não será fácil!
Ontem mesmo, outro exemplo que nos faz dar risada da conspiração. Eis que o Coxa já não tinha mais nada a fazer no campeonato. E ao Santos bastava um ponto para escapar da degola.
O Keirrison resolveu jogar tempero até na briga pela artilharia. Tratou de balançar as redes quatro vezes e deixou Kléber Pereira, do próprio Santos, a olhar no retrovisor.*

E antes que se diga apenas depois da rodada, até o Flamengo e Cruzeiro, que parecem fadados a assassinarem-se mutuamente, podem terminar juntos a rodada dentro do G4.
Pois é...não coloco meus cotovelos no fogo pelo Verdão.
Esse Ipatinga, que resolveu bagunçar até com o time mais bagunceiro da temporada 2008, o Sport, não parece tão morto quanto a tabela aponta.

Os Deuses devem estar loucos por futebol!

*Em tempo: somados os três gols que Keirrison fez na Vila Belmiro, no primeiro turno, foram sete(7) gols marcados em cima do mesmo time.
Eu, hein...!

22 de nov. de 2008

suspeito

Suspeito que não conheço,
Não sei nome,
idade,
endereço.

Posição física política
Psicológica
Filo
sofa

Ao que consta, sem registro
Certidão
Voz ou
Rh.

Um nowhere man sem traços,
Existente,
Real
E só.

Sem sombra, sem sombra
De dúvidas!
Apagado,
Pó.

Só resquícios de velho
Vício, certezas
vis
E nó

Suspeito que não vi
E até do que
Suspeito
E só.

19 de nov. de 2008

McCartney, a Imprensa e o Futebol

Certa vez na década de 1960, Paul McCartney, vocalista e baixista dos Beatles, concedeu uma entrevista a uma emissora de televisão britânica e revelou ao repórter, quando perguntado, que havia tomado a droga LSD quatro vezes.
A declaração foi amplamente noticiada e o fato ganhou proporções de um verdadeiro escândalo no Reino Unido.
Ao ouvir a resposta de McCartney, o repórter indagou se o beatle acreditava que sua declaração poderia servir como apologia e encorajamento ao uso de drogas por parte de seus jovens fãs.
Sempre inteligente, Paul ofereceu uma aula de jornalismo.
Disse que quis ser honesto na entrevista e não escondeu a verdade.
"Sim, já tomei LSD umas quatro vezes", afirmou.
Porém, como afirmou Paul na época, se o repórter tivesse receio do impacto daquela notícia na sociedade britânica e especialmente entre os jovens, deveria tomar cuidado ao publicar a notícia. O beatle apontou a responsabilidade da imprensa na venda de seu produto, a notícia.

Sem dúvida, a notícia de que um famoso está envolvido com drogas é um prato cheio para qualquer editor.
Mas McCartney, ao refletir sobre sua polêmica entrevista, mostrou a impossibilidade de tratar a imprensa como veículo neutro.
A imprensa tem que ter responsabilidade com o fato, com a notícia, mas não deve perder de vista o alcance e o impacto que ela própria causa na sociedade.

No futebol a coisa não é diferente.
Quantas vezes um fato não foi amplificado porque vende mais jornal e dá mais audiência?
Praticamente todos os dias vemos isso nas páginas de qualquer jornal ou num programa de merchan qualquer.
Mas tenho achado a imprensa brasileira um pouco descuidada ultimamente.

Seja no caso do gás, quando São Paulo e Palmeiras disputavam a vaga nas finais do Paulistão, seja agora às vésperas do jogo Vasco e São Paulo em São Januário.
Os discursos de técnicos e jogadores são passados de lá pra cá como telefone sem fio por jornalistas e acaba-se criando um clima errado para algo que deve ser apenas um jogo de futebol
É um tal de diz-que-me-disse que não contribui em nada para o futebol.
Cria clima de guerra.
Só para exemplificar, ontem o tal do Eurico deu entrevista enervada sobre o assunto. E destilou veneno contra tudo e todos.
Me pergunto como é possível um jornalista dar voz a uma figura tão repugnante! Além disso, é estúpido associar a própria credibilidade à credibilidade de alguém que não tem nenhuma.
Nisso, tenho que concordar com o homem do merchan: "Se o Eurico disser que Pelé é Rei, vou discordar!"

Não é questão de censurar, mas de dar a devida proporção aos fatos.
Sábio foi Paul na terra dos tablóides!

16 de nov. de 2008

Ainda sem ainda sim ainda não

Passam-se horas dias semanas
Mês.
A resposta que não chega.
Que não sai.
Que daqui não vai sair.
E mais e mais o silêncio fala por si.
Por si se cala.
E menos e menos o peito sente.
Saudade não há.
Saudade não é...

15 de nov. de 2008

Trabalho

-Me admira o esforço do cara...
-É...isso não existe, meu!

14 de nov. de 2008

Seis

Éramos nós dois eu e você
Em passos calmos na areia
Numa conversa adolescente
Por entre silêncios e medos
E ventos da noite quente
Sentados juntos separados
Sem saber em que se apoiar
Inseguranças e ingenuidades
Entre você e eu só o querer
De um beijo no desconhecido

Agora vejo e tudo fez sentido
Dessa noite não esquecerei
Um garoto vivo triunfante
A um palmo da areia elevei
E voei leve até o sono tranquilo

12 de nov. de 2008

Não eu

Cadê minha identidade?
Minha cara que separa
Aquele tanto de mentira
Do pouquinho de verdade?

Aonde foi que parou
A impressão digital?
A tal marca do que sou
E que não sou, afinal?

Sem mudar de assunto,
Curioso, me pergunto:
Qual é a aparência
Da minha imagem-referência?

Deixo barba, cresço cabelo,
Ganho peso, troco roupa,
Não (re)conheço o que vejo.

Angustiado, releio-me inteiro.
Não me enxergo em três cores,
onze amigos, dois amores...

Me perco num espelho
A mirar o desconhecido,
Um famoso indigente
De trejeito parecido.

9 de nov. de 2008

Luxa se esconde

Luxemburgo se esconde atrás de seu passado.
Há anos escuto santistas e palmeirenses, além de alguns saudosistas alvinegros e cruzeirenses, dizerem que Vanderlei Luxemburgo é o melhor técnico do país.
Nesse mesmo período, argumentei o contrário dizendo que havia técnicos em momento melhor. Paulo Autori, Muricy Ramalho, Abel Braga, Mano Menezes.
Afirmei que os investimentos feitos em Luxa e sua comissão não se justificavam em resultados.
E lá vieram os admiradores do manager lembrar de seu pentacampeonato brasileiro.
No que respondi que, em quatro anos, 'Luxe' ganhou apenas um tricampeonato paulista, pouco para tanto investimento e marketing.
Sim, houve a passagem pelo Real, mas a marca da época foi do Barça e de Ronaldinho.

Hoje, Luxemburgo comprovou o que seus admiradores bradam por aí.
Ao descer para a entrevista coletiva após a partida decepcionante contra o Grêmio, o técnico 'comentou' que estava tudo nos conformes com o Projeto.
Escavou em seu passado, brilhante, diga-se, as temporadas 93-94 da Era Parmalat, cujo projeto se iniciara em 92, disse.
Ora, Luxa! Você realmente acha que alguém vai cair nessa?!
Em 11 meses de Verdão, esse Projeto nunca fora mencionado. E por quê? Porque os planos eram e sempre foram os títulos mais importantes. Paulistão, Copa do Brasil e, especialmente, Brasileirão.
Os palmeirenses e nem ninguém engolirá o passado de Luxe.
Libertadores, nesta altura do campeonato, deveria ser pouco.
Mas, pelo "projeto", será bastante. Demais até!

Já escrevi sobre isso. Mas Luxe não tem o mesmo tesão pela profissão que o técnico do líder. E nem mais que os outros técnicos na briga pelo título.
Vanderlei se esconde em seu passado para manter a valiosa grife.
Grife que teve até 'propaganda' em horário nobre global.
Os 'consumidores' devem estar insatisfeitos.

Canindépico!

Ontem foi a minha segunda vez no Canindé!

A primeira foi num jogaço do Paulistão de 2000.
Era um quadrangular semifinal, ou seja, os dois melhores classificados de dois grupos estariam nas semifinais do certame.
A semifinal foi óbvia, com o quarteto lutando pelo título, mas não foi fácil para o Tricolor chegar lá.
Precisando vencer a Lusa em seus domínios, o São Paulo disputava uma vaga também com Santos e Guarani.
França abriu o placar.
A Lusa virou a partida e segurou até quase o fim, quando o Tricolor desencantou e virou.
França fez três gols, um deles antológico e inesquecível! Uma bola cruzada alta dentro da área, do lado esquerdo. O matador pegou de chapa, seco e certeiro, inalcançável para o goleiro Fabiano. A bola foi encaçapada na rede lateral do gol luso!
Jamais vou me esquecer desse gol e da minha euforia ao sair do Canindé.

Ontem, mais um jogo épico em território português!
3 a 2 aos 43 do segundo tempo!
Saí eufórico das arquibancadas e adorei a experiência de ir de metrô ao Estádio!
(Mais sobre isso em outro post...)
Um time com a cara de Muricy!
E discreto. Muito discreto.
Lá se foi mais uma rodada!
Hoje é acompanhar o arranca-rabo ali de baixo...

7 de nov. de 2008

Timbre do presidente

Acompanhei atentamente os dicursos de Obama para o público.
Seja em Chicago ou em Nova York, o presidente eleito tem um dom incrível.
Uma espantosa capacidade de se fazer ouvir, de fisgar o público em cada palavra e pausa em seus discursos.
Messiânico, Obama faz o olho do espectador brilhar.

Mais do que palavras bem selecionadas, frases de efeito como "Yes, we can!", repetidas em coro pelos ouvintes, ou pausas para um sorriso e troca de olhares significativos com o público, Obama tem algo que qualquer líder desejaria ter.
Algo que pode passar imperceptível, de tão discreto.
Barack Obama tem um timbre de voz avassalador!
Uma voz que ressoa em nossos ouvidos e reverbera até o coração.

6 de nov. de 2008

Melancia no pescoço

Tem técnico de time por aí que quer aparecer...
Pois bem...vamos comendo pelas beiradas...do jeito de sempre.
Sem comentários!

Sobre eu e você

Me deixa sonhar*,
Tirar os pés do chão,
Pirar num desejo louco,
Duma utopia possível.

Me deixa ver o mundo à minha maneira.
Botar os óculos do otimismo e sorrir sozinho.
Deixa eu cantar e desafinar.
Desafiar a ordem vigente sem sentir-me vigiado.

Me livra dos grilhões do amanhã
Da pena que pune e me põe mal.
Deixa ver o mundo com cores mil,
Da paz branca à negra mudança.

Me deixar ouvir o coro uníssono
De espírito colorido e massa heterogênea,
Dizendo que posso, que podemos!
Me dá sua mão, voe um pouco, verse e varie a vida.

5 de nov. de 2008

Vivendo o sonho...

Por volta de cinquenta anos atrás, uma negra chamada Rosa Parks recusou-se a se retirar do assento de um ônibus que segregava negros a uma área reservada nos fundos do veículo.
Rosa Parks, cansada, queria apenas o mesmo direito de permanecer sentada, já que os "assentos negros" estavam todos ocupados.

Pouco tempo mais tarde, um sonhador chamado Martin Luther King vislumbrou um mundo em que crianças, negras e brancas, não importa, convivessem juntos sem que a quantidade de melanina em suas peles fosse determinante para a posição deles na sociedade.

Hoje, dia 5 de Novembro de 2008, os Estados Unidos elegeram Barack Obama, seu primeiro presidente negro da história.
O 44º da tradicional democracia norte-americana.

Mais do que isso, o que deve ser celebrado é a possibilidade de derrubar o racismo, ainda presente em todos os cantos do planeta. Os Estados Unidos, por sua posição central no cenário internacional, estão enviando uma mensagem importante para além de suas fronteiras.

Mais do que o término de uma administração enraizada na idade média, preocupada em encher os bolsos com dólares sujos de sangue e petróleo, o que deve ser comemorado é a capacidade de renovação e reciclagem da democracia norte-americana.
Mais uma vez, os Estados Unidos são pioneiros, vanguardistas.

O dia é histórico porque renova, faz renascer no mundo uma esperança por algo melhor que um país mergulhado em guerras e crises econômicas.
Foi apenas uma eleição de um presidente de um país em questão, se olharmos no macro. Mas representa esperança, essa palavra que costuma trazer consigo trabalho, vontade, força. Mas também frustração, surpresa, caso o trabalho não seja feito.

Se antes o meu desejo e de muitos era que os Estados Unidos "tirassem férias" do mundo e desaparecessem por uns tempos, agora o que se espera é o renascimento de um país carismático, com um povo que tem características tão admiráveis quanto qualquer outro.